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''Eu vivi um amor bandido""


Eu vivi um amor bandido’ Em liberdade, depois de 52 dias na cadeia, Alyne Padula, acusada de participar do assassinato do ex-jogador Tiago Jotta, alega inocência e revela a ‘O DIA’ os detalhes da noite da tragédia
Vânia CunhaRio - Horas depois de discutir com o ex-namorado, o jogador de futebol Tiago Jotta, e deixá-lo nas mãos do padrasto e um desconhecido, a fisioterapeuta Alyne Padula percebeu que havia algo errado. Uma discussão entre a mãe e o policial militar Alexsandre Freitas, na noite de 18 de setembro, alertou a jovem de que a relação conturbada com Tiago terminara em tragédia. Presa e acusada pela polícia de planejar a tortura e a morte do jogador, Alyne recebeu terça-feira o direito de responder em liberdade. A O DIA, ela revelou, pela primeira vez, detalhes da paixão avassaladora, do crime e dos 52 dias de cárcere.“Cheguei em casa nervosa, meu padrasto disse que entregaria o Tiago na delegacia porque ele tinha que levar um corretivo. Saí para comer pizza e, na volta, ouvi uma discussão, a portas fechadas. Perguntei o que estava acontecendo e minha mãe respondeu: ‘Não está acontecendo nada. Foi feito o que tinha que ser feito’. Não consegui dormir, mas só fui saber o que aconteceu no dia seguinte, pela televisão”, relembrou. Alyne conta que a paixão fulminante por Tiago foi se esvaindo nos quatro meses e meio de relacionamento, marcado por discussões: “Ele sempre teve muita lábia. Uma semana depois que nos conhecemos, foi morar na casa da minha avó. Deixei minha mãe para viver com ele e minha vida virou um inferno. Sumiram coisas da minha casa, ele não trabalhava nem ajudava nas despesas. Até apanhei, algo que nunca pensei que pudesse acontecer. Me arrependo de abandonar minha família. Eu vivi um amor bandido”.Segundo ela, o motivo da briga no dia fatídico foi a tatuagem que fez no primeiro mês de namoro, com o nome dele. “Ia apagar e ele não deixou. Tomou meu dinheiro e a chave do carro. Liguei para minha madrinha e meu padrasto, que foram encontrar comigo. Com base na Lei Maria da Penha, Tiago não podia se aproximar de mim. Meu padrasto disse que ele descumpriu isso e que daria voz de prisão a ele”.A fisioterapeuta afirmou que viu Renato Basuino, também preso pelo crime, apontar a arma para Tiago. “Meu padrasto gritava para parar, e que ele estava preso. O Renato estava no carro com meu padrasto e apontava a arma para meu carro. Fiquei nervosa, quase bati”. Sobre a morte de Tiago, ela diz que entrou em choque. “Senti alívio por ele estar vivo, não imaginava o pior. Não queria isso. Apesar de tudo, não tenho raiva”. Apoio das companheiras de celaAlguns quilos mais magra e ainda assustada com a liberdade, Alyne tem pressa em contar o que aconteceu. Fala rápido, gesticula, arregala os olhos verdes a cada lembrança. E chora. “Não quero fazer outra coisa a não ser provar minha inocência. Não matei ninguém. Fui injustiçada e, um dia, vou poder sair na rua de cabeça erguida”, afirma. Dentro da cela que dividiu com a madrinha e mais 15 mulheres, no presídio Nelson Hungria, em Bangu, ela esqueceu o conforto da vida de classe média e dedicava o tempo a pensar na mãe: “Não comia nem dormia, só chorava. Nunca tive que pedir autorização para ver a minha mãe. Sentia que nunca mais ia sair da cadeia”. Ela afirma que recebeu apoio das companheiras de cela. Não fui hostilizada, pelo contrário. Quando se está num lugar desses, as outras presas acabam sendo a sua família. São as únicas pessoas que te entendem e que você tem próximas”. MÃE DE TIAGO PERDOA ALYNESegunda-feira, antes de receber a liberdade do juiz, Alyne foi atentamente observada pela mãe de Tiago, Assunção, durante audiência sobre o caso na 1ª Vara Criminal. “Não a conhecia nem sabia da relação deles. Eu a perdôo, mas não quero nenhum contato”, disse a mãe da vítima, que se revoltou com a liberdade dos acusados.Para Alyne, a expectativa do julgamento é o que conduz a nova rotina. “Não saio mais de casa, tenho medo de ser apontada como a garota que mandou matar o namorado. Mas tenho fé de que tudo isso vai acabar”, disse.No futuro ela pensa em retomar a pós-graduação e o trabalho como fisioterapeuta. E não descarta planos de casamento: “Retomei o namoro com meu ex e penso nisso. Não fiquei traumatizada. Ninguém passa por nada na vida por acaso”.Respondendo em liberdadePor decisão do juiz Wilson Marcelo Kozlowski Júnior, da 1ª Vara Criminal, Alyne, seu padrasto e sua tia e madrinha, Márcia Padula, deixaram a prisão na terça-feira. Apenas o quarto acusado, Renato Basuíno, continua preso porque teria feito ameaças à mãe da jovem. Nova audiência do caso está programada para o dia 24, pouco mais de três meses depois do crime.A tragédia ocorreu no dia 18 de setembro. De acordo com a polícia, depois de um telefonema, Tiago Jotta foi a Bonsucesso ao encontro da ex-namorada, com quem tinha terminado o relacionamento. Segundo as investigações, Alyne teria chamado o jogador para sair no carro dela e, no caminho, teriam sido abordados por outro veículo, dirigido pela tia dela. No automóvel, estariam ainda o PM e Renato. A jovem teria entrado no carro de Márcia e deixado o ex-noivo com o policial e o amigo.De acordo com os relatos do jogador à polícia, os dois o levaram algemado para um campo de futebol, onde teria sido torturado. Em seguida, teria sido conduzido até Inhaúma, onde tentou fugir, foi baleado três vezes e caiu em um valão. Acreditando que Tiago já estivesse morto, Alexsandro e Renato o deixaram para trás.Policiais que passavam pelo local na hora o levaram para o Hospital Salgado Filho, no Méier. Quatro dias depois de ser internado, o jogador de futebol passou por uma cirurgia e sua perna teve que ser amputada. O ferimento infeccionou e o jovem não resistiu, morrendo dois dias depois.Peritos do Instituto Carlos Éboli (ICCE) conseguiram encontrar vestígios de sangue do jogador no carro de Alyne, que foi presa junto com Márcia. As duas foram levadas para o Centro de Custódia de Mulheres Nelson Hungria, no Complexo de Gericinó.

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